*GALERIA



É verdade... Fica difícil para quem tem menos de 30 anos entender o que é o tal do "Compacto". Mas a gente está aqui pra ajudar.
Há um tempo atrás, antes de sair o disco de vinil completo (LP), as gravadoras faziam umas experiências, um balão de ensaio com uns disquinhos pequenos de 2 ou 4 músicas. A grosso modo, isso era o Compacto.
Como nem todas as músicas desses disquinhos entravam no vinil, muita coisa boa ficou para quem os comprou na época, guardou ou, mais recentemente, desembolsou uma bela grana para adquiri-los como "raridades". Mas  aqui no BAÚ DO GUDIN as coisas serão mais fáceis...
Para que todo mundo saiba o que ficou registrado em compacto por Eduardo Gudin, disponibilizaremos aqui essas pérolas, todas devidamente comentadas pelo próprio compositor.
E o BAÚ não vai parar por aí: fotos antigas, artigos memoráveis, gravações e vídeos raros também farão parte deste espaço.
Embarquem conosco neste túnel do tempo!
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COMPACTO 1969

Em 1969, Eduardo Gudin aparece pela primeira vez cantando, em um compacto da Tapecar. No lado A, “Meu pai falou ta falado” e no lado B, “Olha Quem Chega”, ambas melodias suas com letras de Paulo César Pinheiro.
Os arranjos são do maestro José Briamonte. Acompanhando a voz e o violão de Gudin há um time de primeira, que contou, por exemplo, com Osvaldinho da Cuíca na percussão e Madalena de Paula e Clélia Simone no coro. 
"Olha Quem Chega" é a primeira parceria entre Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro (vide *GUDIN EM PROSA desta edição). A música despertou a atenção de diversos intérpretes, que a regravaram em seus discos, como Elizeth Cardoso, Tânia Maria, Originais do Samba, Zé Américo e, mais recentemente, Dona Inah.
Ouçam...









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GUDIN E OS FESTIVAIS











O Ano de 1969 é emblemático para o Brasil do século XX.
Em 13 de dezembro de 1968, em uma reunião sinistra no Palácio Do Catete, Rio De Janeiro, o Presidente Costa e Silva desce do seu quarto com a pressão arterial a 21/12 para presidir a seção onde a linha dura da Diadura Militar vigente à época propõe o Ato Institucional nº5. Um decreto abusivo que cassava todas as liberdades políticas, o direito ao Habeas-Corpus, endurecia a censura à imprensa e ao direito de livre expressão. Era o começo dos Anos de Chumbo.
A partir de 1º de Janeiro de 1969, com o governo Médici, esse regime de terror é colocado em prática. É dado início à institucionalização da tortura, como forma de “interrogatório”, prisões são feitas à revelia, o clima é terrível e todas as atividades ligadas a algum tipo de manifestação intelectual passam a ser reprimidas com extrema violência por parte do Estado.
Sintomaticamente (ou não) esse ano marca o fim dos grande festivais de música na TV Record, de São Paulo. Naquele ano, sua última edição traz, entre outros, Paulinho da Viola, vencedor com a obra prima “Sinal Fechado”, que se tornaria um clássico. Mas “Gostei de Ver”, interpretada por Márcia e os Originais do Samba e composta por um jovem músico paulistano de nome Eduardo Gudin (em parceria com Marco Antonio da Silva Ramos), cai no gosto popular e é aplaudida e cantada em coro efusivamente pela platéia. 
“Gostei de Ver” foi resgatada no último disco de Gudin - Um jeito de fazer samba.
Abaixo, a interpretação de Márcia para a música, no festival:


Defendida por Márcia, Gostei de Ver (de Eduardo Gudin e Marco Antônio da Silva Ramos) leva o 4º lugar no V Festival da Música Popular da TV Record (vencido por Paulinho da Viola com "Sinal Fechado"), em 1969.